Os jogos nos tornam violentos?
Após a tragédia que aconteceu em Suzano a pergunta e o debate em si ressurge: Os jogos são ou não influenciadores de comportamentos violentos?
É importante ressaltar que no momento em que se culpabiliza um game por assassinatos como os de Suzano acaba-se por ignorar diversos outros fatores que podem influenciar o comportamento dos jovens. Fatores esses: desestruturação familiar, bullying, doenças psiquiátricas, local de morada insalubre, entre outros.
Diversos estudos, de várias entidades, comprovam o que nós jogadores já sabemos: um game não influencia alguém a tomar atitudes como estas que vemos acontecendo em vários países, e agora no Brasil. Mostraremos algumas pesquisas na área, para nota de curiosidade e também informação:
Uma pesquisa feita pela Universidade de Oxford apontou que não há associação entre jogar de games violentos e pratica de agressões reais e violência física. O estudo também verificou que jogar videogame em pequenas doses – menos de uma hora por dia – pode ser benéfico para o comportamento das crianças. Esta pesquisa foi publicada no jornal acadêmico “Psychology of Popular Media Culture” (Psicologia da Cultura de Mídia Popular, em português).
Outro estudo, com duração de cerca de 10 anos apontou que videogames não provocam violência. Foi publicado na British Medical Journal, um relatório do Reino Unido, com dez anos de duração, que observou como as crianças são afetadas psicologicamente pelos produtos do mercado do entretenimento – mais precisamente aqueles em que o usuário fica de frente para uma tela, incluindo TVs e os próprios videogames. Uma década depois, os pesquisadores constataram que assistir mais de três horas à TV por dia pode aumentar as chances de desenvolver problemas comportamentais em jovens com idades entre cinco e sete anos. Por outro lado, os videogames não exercem nenhum efeito negativo nas características pessoais da criança, como comportamento e atenção, nem ajudam a desenvolver doenças emocionais. A mesma conclusão vale para meninos e meninas.
Karen Sterheimer, socióloga da Universidade de Southern na California, pesquisa este assunto desde 1999 e considera que devemos enxergar além dos jogos, temos obrigação de observar todo o contexto de vida daquele que praticou algum ato antes de culpabilizar um jogo. O artigo de Sterheimer, “Videogames matam?”, foi publicado pela revista Context, da Associação Sociológica Americana.
“Se desejamos compreender por que os jovens se tornam homicidas, precisamos observar mais do que os jogos que eles jogam… (ou) perderemos algumas das mais importantes peças do quebra-cabeça”, disse ela, mencionando violência na família e na comunidade, a alienação causada pela vida nos subúrbios e o menor envolvimento dos pais como outros possíveis fatores.
Meus amigos, estes que citei acima são alguns dos muitos estudos que existem sobre este assunto, afirmando fortemente que o maior fator para tornar um ser humano homicida não é o que ele joga e sim o que ele vive, o que ele passa e o que ele sente. Um ser humano é feito das experiências, das atividades, da rotina, da família e todo o ambiente que o cerca. Tenhamos, juntos, a força de acabar com este estigma para com os jogos, pois, se este continuar, serão ignorados os reais responsáveis pelos transtornos que vemos e sofremos.